quarta-feira, 11 de maio de 2016

POR UM LEVANTE EM MASSA - DANTON, EM 2 DE SETEMBRO DE 1792


Uma energia transbordante, uma fogosidade jovial e temerária no uso da força a serviço da revolução, uma eloqüência arrebatadora, uma “joie de vivre” insaciável, expressa no amor, no comer, no divertir-se, e numa “nonchalance” em relação à vida, uma confiança exagerada em seu poder, uma fé profunda na justiça, no povo, na nação, e na revolução.

Todos estes atributos reunidos num rosto de cão de fila, desfigurado desde a infância por uma chifrada de touro, com cabelos negros volumosos e descompostos, como se fosse uma juba, num corpo de dimensões hercúleas, uma voz poderosa, ele conseguia, com o busto entesado, a enorme cabeça atirada para trás, eletrizar uma multidão, ou domar um inimigo.

Eis Georges-Jacques Danton. Ele foi o clarim que soou o toque de ataque contra todos os inimigos da pátria e da revolução.


Ele encarnou a revolução naquilo em que ela possuía de mais carnal e entusiástica. Este tribuno tinha fortes traços dionisíacos. Ele é vida, ele é poder. Esta energia torrencial extravasava qualquer tentativa de discipliná-la, mais ainda em meio ao torvelinho revolucionário, em relação ao qual ele era, ao mesmo tempo, sujeito e objeto, algoz e vítima.

Por Francisco Ferraz